“O papel da Universidade é desenvolver conhecimento, mas não podemos estar fechados para o setor produtivo, para as empresas. Precisamos transformar o conhecimento gerado em riquezas para o país”. Foi o que defendeu na última sexta (20) o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Wanderley de Souza, na palestra sobre Financiamento da pesquisa no Brasil. Segundo ele, a previsão de captação da FINEP para este ano é de R$ 4,5 bilhões para investimento em projetos.
O evento foi organizado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com a presença da diretora-presidente da Fundação Sousândrade, Evangelina Noronha, e da coordenadora técnica de projetos, Joanilda Martins. Antes da palestra do diretor da FINEP, o vice-reitor Fernando Carvalho (acima), apresentou os financiamentos conseguidos pela FINEP para a UFMA desde 2001, quando foi possível construir o prédio de pós graduação em Políticas Públicas que hoje tem o conceito de excelência. “A UFMA tem buscado de todas as formas trazer recursos para nossos pesquisadores e ajudar na formação de nossos alunos”, disse.
O pró-reitor de Pós-Graduação e Inovação, Allan Kardec, apresentou a política de Pòs-Graduação, Pesquisa e Inovação da UFMA, e, em consonância com o diretor Wanderley de Souza, propôs a reflexão de como o mundo acadêmico está dialogando com a sociedade e com a indústria. “O extraordinário conhecimento que temos está só nas universidades?”, questionou. “Precisamos ressignificar os serviços para haver diálogo com o mercado. A inovação será por meio dos serviços à sociedade”, disse Allan Kardec, citando o exemplo da reconhecida qualidade do combustível produzido no Brasil.
Financiamentos– Uma das alternativas para o financiamento dos projetos desenvolvidos nas universidades é a FINEP, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e que incentiva somente instituições. O diretor Wanderley Souza, médico, com doutorado em Ciências Biológicas e autor de cerca de 600 artigos, destacou exemplos positivos dos investimentos em benefício à população, como os R$ 50 milhões investidos no Brasil para a análise do vírus da Zika sobre o sistema nervoso central do paciente. “O melhor seria utilizarmos os recursos para desenvolvermos pesquisas antes de a epidemia chegar”, alerta.
Segundo Wanderley Souza, é preciso que seja desenvolvido projetos em conjunto com as empresas, a fim de serem realizadas adequações. “É fundamental que existam parques tecnológicos em todos os Estados, para que empresas de base tecnológica possam se instalar e fazer interação com a universidade”, disse ele. “Por outro lado, não adianta eu falar que precisa haver interatividade se eu não der dinheiro para a empresa realizar o projeto. É preciso que os Estados tenham agência de desenvolvimento”, complementou. “O Estado que não recebe quase nada de financiamento do FINEP é porque não apresenta quase nada de projeto”.
IECT Biotecnologia já reúne 174 pesquisadores no MA
O professor e coordenador do IECT Biotecnologia UFMA, Lívio Martins, fez uma apresentação no evento sobre esta iniciativa que reúne pesquisadores dos recursos biológicos que podem ser transformados em fármacos, cosméticos e outros produtos. Existem hoje 174 cientistas em 35 projetos no IECT Biotecnologia no Maranhão.
O IECT Biotecnologia é um Instituto Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o suporte da Fundação Sousândrade, que envolve quatro instituições com programas de pós-graduação no Maranhão: UFMA, IEMA, IFMA e Ceuma.
O foco é em biotecnologia para produtos naturais e na sanidade em saúde e reprodução animal. “A ideia nasceu de um seminário da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), que foi crescendo para que os pesquisadores trabalhem em rede”, disse Lívio Martins.
Potó ainda existe– Dos 174 pesquisadores atuais, 40 estão dedicados ao programa de produtos naturais contra microorganismos: bactérias, fungos, vírus, como o Zika, toxoplasma, entre outros. “O Maranhão tem mais pesquisadores nesta área”, justifica a alta participação. Outros estudam a produção natural de artrópodes como o potó. “As pessoas pensam que não existe mais potó, mas ele ainda está presente no Maranhão, principalmente na região leste. É um problema sério, de saúde pública, ocasionando queimaduras com sequelas para toda a vida. Temos um projeto para trabalhar com produtos naturais para amenizar e outro até para eliminar o potó”, disse ele
Os pesquisadores interessados em fazer parte deste grupo de estudiosos, basta manifestar o interesse junto ao grupo. Existe um comitê gestor para analisar em qual grupo ele pode atuar. “É muito importante que tenhamos mais pessoas trabalhando para fortalecer a pesquisa biotecnológica no Maranhão” .
Pesquisadores que desejarem fazer parte do IECT Biotecnologia podem entrar em contato com o coordenador Lívio Martins pelo e-mail: livio.martins@ufma.br