O escritor e psiquiatra Ruy Palhano lançou na última sexta, 17, via live, o segundo volume do seu livro “Traços Humanos: seu viver cotidiano” e convidou para participar com ele a diretora-presidente da Fundação Sousândrade (FSADU), Evangelina Noronha; o presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES), Arquimedes Vale, e o presidente da Associação Maranhense de Formação de Governantes, Raimundo Palhano.
“São três amigos e nobres companheiros que colaboraram de forma bastante específica na elaboração, organização e desenvolvimento deste trabalho”, referiu-se o escritor aos convidados.
O evento foi marcado por agradecimentos a todos que colaboraram para a realização do livro, como os jornais O Imparcial, Jornal Pequeno e Agora Santa Inês que veicularam os artigos compilados.
O médico Arquimedes Vale leu o texto do prefácio, de sua autoria. “Ruy Palhano perscruta o espelho do seu semelhante, identifica as vestimentas e nomeia cada uma com discrição minuciosa e precisa em termos acessíveis ao entendimento do público em geral. Traços Humanos 2 aborda comportamentos, caráter, hábitos, crenças, índoles, atitudes e outros produtos mentais como um molde para identificação íntima e a possibilidade de encontrar o conforto emocional”.
Evangelina Noronha falou em seguida. “A leitura do livro suscita busca, descoberta do comportamento humano, como a alegria que traz a felicidade, o bem estar, a paixão, a coragem, o existir, a convivência. É um médico cuidando da essência da alma, não somente da matéria”, disse ela.
“Você alcançou o espírito deste livro”, respondeu o autor, destacando a trajetória da diretora-presidente na área da Educação. “Professora Evangelina já exerceu vários cargos de liderança e sempre com espírito de inovar, de propôr coisas diferentes. É uma marca da sua personalidade. E assim é na Fundação Sousândrade, onde você renovou, deu outra capa. Não posso deixar de destacar que no primeiro volume de “Traços Humanos” em que você fez o prefácio. E, da mesma forma que disse ao professor Arquimedes, prefaciador do volume dois, quando o autor convida alguém para fazer o prefácio, não o faz por acaso. Existe admiração e respeito. Você é uma líder, tranquila, serena, sobretudo no ponto de vista da educação. Eu precisava dizer isso aqui”.
O professor Raimundo Palhano, irmão do autor, finalizou as falas destacando o dia como “especial” e contextualizou a importância da leitura de Traços Humanos 2 neste momento em que estamos vivendo uma crise profunda de humanidade e temos a oportunidade de olhar para este mundo pandêmico em que se vive e na pós-pandemia que virá. “Para todos nós, que vivemos um cotidiano, o livro é um grande fator de ajuda para reformular e reaprender a nossa existência pessoal”.
O LIVRO SEGUNDO O AUTOR
“Traços Humanos 2: seu viver cotidiano” é uma coletânea de 40 artigos publicados no Jornal O Imparcial, no Jornal Pequeno, no Agora Santa Inês e no Blog Ruy Palhano, do Jornal O Estado do Maranhão, com os quais venho colaborando há mais de 10 anos.
A razão principal do segundo volume foi prosseguir com a série de artigos sobre a temática humanística que venho publicando, com regularidade, nesses meios de comunicação.
Traços humanos, para a finalidade desse livro, devem ser entendidos como aspectos comportamentais, caracterológicos, vivenciais, próprios e peculiares dos seres humanos, os quais colaboram com a sua identidade. Esses traços obedecem a um padrão comportamental e se manifestam em ocasiões específicas. Como exemplo, podemos citar as vivências do amor, da paixão, a capacidade de superar dificuldades e de perseverar em um objetivo, o mau humor básico, o sentimento de cidadania, o perdão, a vaidade, a manifestação da fé, da caridade, apresentar sentimentos de baixa autoestima, de mágoa e ressentimentos, ou seja, são muitas as experiências humanas que fazem parte do nosso cenário existencial.
Meu propósito permanece o mesmo do volume I, qual seja, chamar a atenção dos leitores para assuntos que estão em seu dia a dia e que, por muitas razões, acabam não recebendo atenção ou a devida importância. Por isso mesmo vão passando despercebidos, embora muitas vivências pessoais possam gerar prazer ou sofrimento. Portanto, este livro é uma oportunidade, por meio de crônicas, de conhecer melhor algumas particularidades comportamentais humanas e, quiçá, de saber como manejar melhor tais experiências.
São traços que abrangem sentimentos, impulsos, formas de pensar, agir e reagir, reações emocionais, sentimentos, afetuosidades, comportamentos reativos e circunstâncias que se manifestam em condições peculiares na vida de cada um, pois estão presentes na rotina. Em casa, nas relações sociais, profissionais e culturais, nas artes, no esporte, no lazer, enfim, em todas as condições em que podemos estar, manifestamos nossos traços humanos. Muitos dos quais representam, na perspectiva existencial, aspectos relevantes, endógenos, que nascem das entranhas de cada um e fazem parte de nosso repertório de respostas, reações vivenciais adquiridas ao longo da vida das pessoas, em suas circunstâncias.
Quem, por exemplo, não conviveu ou conheceu um hipócrita, um mau-caráter, um desonesto ou mesmo pessoas que tem mágoas ou ódio no coração, ou que são irônicas, ingratas, puxa-sacos, pavio-curto ou ousadas? Ou pessoas felizes, seguras, simpáticas, solidárias, que têm fé e são crédulas. Muitas dessas peculiaridades são abordadas neste livro, como objeto de nossa reflexão.
Como dissera no volume I, insisto em reconhecer que cada um dos temas aqui tratados é altamente complexo e relevante sob a ótica da Biologia, da Psicologia, da Sociologia, da Antropologia, da Ética, da Psiquiatria e da Neurociência. São aspectos comportamentais valiosíssimos, que expressam particularidades humanas essenciais reveladas no comportamento pessoal, social e cultural.
São vivências específicas, que poderão ser tratadas com requinte literário, científico e/ou filosófico, como um vasto material para conhecermos melhor a natureza humana. Filósofos, psicólogos, historiadores, cientistas comportamentais, pesquisadores, sociólogos ou ainda literatos e artistas encontrarão nestas crônicas um vasto material para seus estudos e trabalhos. De tal forma que ao expô-las no formato jornalístico não teria, pessoalmente, a possibilidade de me aprofundar em cada tema, o que não me impede de fazê-lo no silêncio de minha casa ou na paz de meu consultório. Gostaria muito que as pessoas se dessem conta, simplesmente, dessas particularidades e que passassem a se interessar por elas, a conhecer melhor tais reações e a perceber que as vivências, comuns no cotidiano, estão no script comportamental de muitos seres humanos.
Como psiquiatra e com a experiência acumulada nesses quarenta anos de prática clínica, lidando diuturnamente com diferentes formas de comportamentos humanos, sadios ou enfermos, ou mesmo em conversas amistosas em grupos de amigos, verifico que muitas pessoas apresentam tais traços comportamentais. Já passaram por mim, convivi com muitos deles, lado a lado, frente a frente. Já os vi como adultos, crianças, adolescentes ou pessoas idosas. Em todas elas, há um padrão de respostas comum, demonstrando, enfaticamente, que tais vivências são próprias da natureza humana.
A presença desses traços, em diferentes cenários comportamentais, confere a cada um deles uma marca própria e universal, nas diferentes maneiras das pessoas reagirem. O ambiente, o meio social e a cultura emprestam a essas peculiaridades o colorido necessário para sua expressão e significado, sem distorcer a sua natureza, sentido e significados maiores.
Recomendo que leiam, reflitam, pensem. Coloquem-se nestas páginas e nestas linhas. Caso se encontrem em algumas delas, será mera casualidade. Prossigam e vão em frente, pois só entendendo melhor o que se passa conosco é que conseguiremos avançar e compreender melhor o que se passa com outras pessoas.
Boa leitura.