O Projeto “Cuidando do Futuro”, em parceria acadêmica com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Fundação Sousândrade (FSADU), foi selecionado e apresentado no 7º Congresso Mundial de Saúde Mental da Mulher, em Dublin, na Irlanda, de 6 a 9 de março de 2017.
“Cuidando do Futuro” foi desenvolvido nos anos de 2009 a 2011, por meio de um Convênio firmado entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – SEDES e esta Fundação, em parceria com o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD.
Uma das estratégias foi melhorar a autoestima das mães, para sentirem-se mais fortes emocionalmente e não desistirem do aleitamento exclusivo, bem como não permitirem maus tratos e não abandonarem seus bebês. “Estas são algumas das maiores causas da mortalidade neo natal”, destaca a coordenadora do projeto, Cristina Loyola. “Este trabalho de comunidade é uma sofisticada ação de saúde mental na atenção primária em saúde”, completa.
O projeto alcançou seu objetivo e reduziu em 10% a mortalidade neonatal em 17 municípios do Maranhão. Atual na sua proposta, tem o mesmo foco do “Rede Cegonha”, implantado pelo Ministério da Saúde em 2011, para oferecer às gestantes usuárias do SUS- Sistema Único de Saúde – atendimento cada vez mais qualificado e humanizado.
A FSADU foi além nesta parceria, doando para as mães atendidas pelo projeto, enxovais, máquinas de costura e material de conservação do leite materno.
MAIS DO PROJETO
Um dos grandes marcos deste projeto foi a criação da “Casa do Meio do Caminho”, em Itapecuru-Mirim e em Santa Luzia. São casas de acolhimento voluntário, “empoderadas” de diversas tecnologias sociais e de permacultura, que recebem de maneira generosa e solidária as gestantes que residem na zona rural, as que necessitam de apoio, alimentação ou descanso, as que estão aguardando exames no hospital ou aguardando a volta para suas residências (esta recomendação do hospital para “voltar outro dia”, já implicou em intervenções tardias na gestação, que provocaram, muitas vezes, morte fetal ou sofrimento fetal com quadro asfixio grave no recém nascido).
O projeto contribuiu para a redução da Mortalidade Infantil em 17 municípios do Maranhão considerados prioritários pelo Ministério da Saúde quando da assinatura do Pacto Nacional para redução da Mortalidade Infantil.
Ressalte-se que o “Cuidado do Futuro” implantou, também, tecnologias de cuidados simples e fundamentais para assistência, como:
Algibeiras – forma de tornar visível para todos, quem são as gestantes, em qual trimestre se encontram, nome e endereço, além de elevar a auto-estima da gestante;
Flor de Mãe – garantia/controle do aleitamento materno exclusivo, através de atividades lúdicas de baixo custo;
Placa da Gestante– forma de convocar todo o bairro para cuidar da gestante, tornando-a visível à ESF e à comunidade;
Placa da Puérpera – forma de convocar todo o bairro para cuidar da puérpera, tornando-a visível à ESF e à comunidade, produzindo generosidade e associando cuidados diferenciados (da enfermeira, da benzedeira, da Mãe de Santo, da parteira tradicional);
Folder do Acompanhante – estratégia para contra argumentar médicos e equipe de enfermagem, de que o acompanhante não está preparado para assistir o parto e “atrapalha”. Constatamos que a presença do acompanhante produz apoio emocional à gestantes, e sobretudo produz um constrangimento presencial que pode qualificar o cuidado em saúde.
O público alvo do projeto foram os profissionais de saúde que integravam as equipes de Saúde da Família, notadamente os Agentes Comunitários de Saúde-(ACS) as parteiras leigas, os auxiliares/ técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos da Estratégia Saúde da Família e integrantes da comunidade (familiares de gestantes e líderes comunitários), que nestes municípios somavam um total de 4.771 pessoas que representam cuidadores de 20.904 famílias (considerando-se famílias constituídas por cinco indivíduos).
A estratégia foi ensinar a pensar na metodologia do Plano de Trabalho e Avaliação- PTA sobre Mortalidade Infantil, e saber aplicá-lo no cotidiano das famílias, de modo a produzir uma assistência em saúde que implicasse na redução da mortalidade infantil. O PTA foi elaborado a muitas mãos: consultores do Ministério da Saúde, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde/Secretaria Adjunta de Ações Básicas de Saúde e pelo Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – ONG que desenvolveu e registrou no Banco de Êxitos do Banco do Brasil a metodologia do PTA (Portal: www.bb.com.br).
Objetivo Geral:
Reduzir a mortalidade infantil atuando no fortalecimento das competências familiares, nos determinantes educacional e de qualificação profissional, capacitando todos os atores sociais (médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, parteiras leigas e integrantes da comunidade), como Educadores Sociais e como gente que se importa, capazes de desenvolver um trabalho competente, generoso e solidário, na perspectiva de ultrapassar o conceito de Grupo para formar um Time, cuja meta foi de reduzir a Mortalidade Infantil em 10% no período de Dez/2009 a Fev/2011.
Impacto esperado:
Desenvolvimento de competências para apoiar gestantes, famílias e recém nascidos, de forma eficiente no desafio de um cuidar solidário e co-responsabilizado entre os atores sociais, protegendo, promovendo a saúde e melhorando a qualidade de vida.
Indicadores:
- Comunidade, família e profissionais de saúde competentes em acolher, apoiar e cuidar das gestantes e seus bebês;
- Gestantes capazes de auto cuidar-se e cuidar de seus bebês;
- Projetos individuais e coletivos de futuro construídos e operacionalizados;
- Indicador de Mortalidade infantil reduzido;
- Aumento da expectativa de vida;
- PTA operacionalizado pelos cuidadores.